Cowsandsheep

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segunda-feira, 9 de julho de 2012

A HUMILHAÇÃO


Aos 65 anos, Simon Axler, um renomado ator de teatro, sobe no palco e constata que não sabe mais atuar. De uma hora para outra toda sua autoconfiança se esvai, e ele perde a capacidade de interpretar os personagens que, ao longo de uma extensa carreira artística, haviam lhe trazido renome. A partir daí, sua vida entra numa espiral de perdas: a mulher vai embora, o público o abandona e seu agente não consegue convencê-lo a retomar o trabalho. Obcecado com a ideia do suicídio, Simon se interna numa clínica psiquiátrica.

No meio desse relato terrível de uma autoanulação inexplicável e apavorante, irrompe um enredo em sentido contrário. Simon se envolve numa relação passional com uma mulher mais jovem, homossexual, filha de um casal de atores que ele conheceu na juventude. Nasce daí um desejo erótico avassalador, um consolo para uma vida de privação, mas tão arriscado e aberrante que aponta não para o conforto e a gratificação, e sim para um desenlace ainda mais negro e chocante. 
Nessa longa viagem noite adentro, relatada com a combinação de intensidade, virtuosismo e seriedade que é a marca de Philip Roth, todos os artifícios que usamos para nos convencer de nossa solidez, todos os desempenhos de nossas vidas - talento, amor, sexualidade, esperança, energia, reputação -, tudo isso vira pó.


A humilhação faz parte de uma série de narrativas que Philip Roth vem publicando nos últimos anos. Essas obras - O animal agonizanteHomem comum e Fantasma sai de cena - tematizam a velhice, a perda, a paixão e a morte com vigor e contundência extraordinários. Ao contrário de seu protagonista, Roth está em plena forma, e não perdeu a capacidade de surpreender e empolgar seus leitores.

Philip Roth


                                                                                                     
Roth, um dos maiores escritores americanos vivos, acha que a literatura está morrendo. “Não por falta de bons escritores, o público é que morreu”, diz, com jeito de quem não tem a menor dúvida sobre o futuro pouco brilhante dos livros no mundo tecnológico contemporâneo. Depois de ganhar todos os prêmios literários americanos, ele acaba de ser “canonizado” com a publicação de seus livros na coletânea de clássicos Library of America, uma honraria reservada geralmente aos monstros sagrados que já morreram há muito tempo, como Faulkner ou Melville. O que ele acha disso? “Melhor do que ser atropelado por um caminhão, não?”, responde, com a ironia sombria, típica dos personagens de seus livros. O homem não cede um milímetro às mundanidades da vida: mora sozinho num sítio em Connecticut, diz que não dialoga com nenhum dos escritores contemporâneos desde que Saul Bellow, seu grande amigo e inspirador, morreu há cinco meses. Quando virou uma celebridade, nos idos de 1968, ao lançar “O Complexo de Portnoy”, passou a viver só na comunidade tcheca em Manhattan — uma maneira de se exilar em sua própria cidade — e depois foi viver no exterior. Dá pouquíssimas entrevistas e é ele quem liga na hora marcada para evitar que seu número de telefone fique circulando entre jornalistas. É gentil, mas não cai em nenhuma armadilha de marketing, como a tentativa dos críticos que querem ver no seu livro mais recente, “Complô contra a América” (lançado no Brasil pela Companhia das Letras) uma metáfora do governo Bush. Já disse que acha o presidente americano incapaz de cuidar da loja da esquina, mas não crê que cabe ao escritor o papel de fazer crítica política. “Não sou profeta, não sou sociólogo, não sou analista político, sou apenas um modesto escritor. Meu trabalho é escrever da melhor maneira possível”, diz ele. 


Por Helena Celestino, disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br/philiproth1.html


Em 1997, Philip Roth ganhou o prêmio Pulitzer por Pastoral americana. Em 1998, recebeu a National Medal of Arts na Casa Branca e, em 2002, conquistou a mais alta distinção da American Academy of Arts and Letters, a Gold Medal in Fiction. Recebeu duas vezes o National Book Award e o National Book Critics Circle Award, e três vezes o prêmio PEN/Faulkner. Complô contra a América foi premiado pela Society of American Historians em 2005. Roth recebeu dois prestigiosos prêmios da PEN: O PEN/Nabokov (2006) e o PEN/Saul Bellow (2007). E, em 2011, ganhou o Man Booker International Prize. É o único escritor americano vivo a ter sua obra publicada em edição completa pela Library of America.


domingo, 8 de julho de 2012

Sarau do Retorno

No último sábado tivemos nosso Sarau do Retorno. Depois de um longo e tenebroso inverno, nos voltamos! 

Nosso encontro foi no aconchegante Café do Palácio. Lá discutimos sobre as Regras do grupo (veja pé de página) e sobre o próximo livro a ser lido.

Cada membro indicou um livro. Foram eles:

1.       “A Humilhação” de Philip Roth
2.       “Melancia” de Marian Keyes
3.       “O Natimorto” de Lourenço Mutarelli

O processo de escolha do livro, o mais elaborado e ousado até agora, contou com uma patrocinadora, a Livraria Leitura, que (não) nos autorizou a utilizar seus livros. E como resultado o livro escolhido foi “A Humilhação” de Philip Roth.

A discussão do livro, nosso próximo encontro, será em no dia 4 de agosto (sábado).