Patativa do Assaré (1909-2002) foi um poeta popular, compositor,
cantor e repentista brasileiro. Foi um dos maiores poetas populares do
Brasil. Cearense de Assaré, teve sua obra registrada em folhetos de
cordel, em discos e livros. Aos 16 anos comprou sua primeira viola e
começou a cantar de improviso. Com uma linguagem simples porém poética
retratava a vida sofrida e árida do povo do sertão. Projetou-se com a
música "Triste Partida" em 1964, uma toada de retirantes, gravada por
Luiz Gonzaga, o rei do baião. Seus livros, traduzidos em vários idiomas,
foram tema de estudos na Sorbonne, na cadeira de Literatura Popular
Universal.
Nasceu no município de Assaré, interior
do Ceará, a 623 km da capital Fortaleza. Filho dos agricultores Pedro
Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva. Ainda pequeno ficou cego do
olho direito. Órfão de pai aos oito anos de idade, começou a trabalhar
no cultivo da terra, para ajudar no sustento da família. Com pouco
acesso à educação, frequentou durante quatro meses sua primeira e única
escola e sem interromper o trabalho de agricultor, aprendeu a ler e
escrever e se tornou apaixonado pela poesia.
Logo começou a fazer repentes e se apresentar em festas locais. Antônio
Gonçalves da Silva recebeu o apelido de Patativa pois sua poesia era
comparada à beleza do canto dessa ave. Foi casado com Belinha, com quem
teve nove filhos. Com vinte anos começou a viajar por várias cidades
nordestinas e diversas vezes se apresentou na Rádio Araripe.
Com uma linguagem simples porém poética, retratava em suas poesias, o
árido universo da caatinga nordestina e de seu povo sofrido e valente do
sertão. Viajou para o Pará em companhia de um parente José Alexandre
Montoril, que lá morava, onde passou cinco meses fazendo grande sucesso
como cantador. De volta ao Ceará continuou na mesma vida de pobre
agricultor e cantador. Sua projeção em todo o Brasil se iniciou a partir
da gravação de "Triste Partida" em 1964, toada de retirante de sua
autoria gravada por Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.
Teve inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e
jornais e publicou "Inspiração Nordestina" (1956), "Cantos de Patativa"
(1966). Figueiredo Filho publicou seus poemas comentados em Patativa do
Assaré (1970). Gravou seu primeiro LP "Poemas e Canções" (1979) uma
produção do cantor e compositor cearense Fagner. Apresentou-se com o
cantor Fagner no Festival de Verão do Guarujá (1981), período em que
gravou seu segundo LP, "A Terra é Naturá", lançado também pela CBS. A política também foi tema da obra e de sua vida. Durante o regime
militar, ele criticava os militares e chegou a ser perseguido.
Participou da campanha das Diretas já, em 1984 e publicou o poema
"Inleição Direta 84". No Ceará, sempre apoiou o governo de Tasso
Jereissati, a quem chamava de amigo.
Ao completar 85 anos foi homenageado com o LP "Patativa do Assaré - 85
Anos de Poesia" (1994), com participação das duplas de repentistas
Ivanildo Vila Nova e Geraldo Amâncio e Otacílio Batista e Oliveira de
Panelas. Tido como fenômeno da poesia popular nordestina, com sua
versificação límpida sobre temas como o homem sertanejo e a luta pela
vida, seus livros foram traduzidos em diversos idiomas e tornaram-se
temas de estudo na Sorbonne, na cadeira da Literatura Popular Universal,
sob a regência do Professor Raymond Cantel. Contava com orgulho que
desde que começou a trabalhar na agricultura, nunca passou um ano sem
preparar a sua rocinha, a não ser no ano em que foi ao Pará. Quase sem audição e cego desde o final dos anos 90, o
grande e modesto poeta brasileiro, com apenas um metro e meio de
altura, é acometido de uma pneumonia dupla, além de uma infecção na
vesícula e problemas renais.
Antônio Gonçalves da Silva morre em consequência de falência múltipla
dos órgãos, no dia 8 de julho de 2002, em sua casa, em Assaré, Ceará,
aos 93 anos. Patativa é enterrado no cemitério São João Batista, na sua
terra natal.
Fonte: e-biografias.net
Nenhum comentário:
Postar um comentário